Radio Cultura Nordestina

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

COMO POSSO SER EU UM HOMEM FEITO

COMO POSSO SER EU UM HOMEM FEITO
SE EM CRIANÇA A INFÂNCIA NÃO PASSEI?


Como posso ser eu um homem feito
Num futuro sem antes ter passado?
Como posso sorrir sem ter chorado
Tantas coisas que passam no meu peito?
Perfeição se transforma no defeito
Se o passado presente eu encontrei
O melhor duma vida lá deixei
Em um filme que quase não se assiste.
Como sei se a feliz idade existe
Se em criança a infância eu não passei?




Como posso lembrar de alegria
Se na infância, tristezas só ganhei?
Se criança eu já fui, nem mesmo sei...
Meu pião, ah... jogar, como eu queria!
Ter no carro de lata a fantasia
De menino que agora é que sonhei...
Brincadeiras, antigas que eu brinquei
E tornei-me o garoto mais perfeito!
Como posso ser eu um homem feito
Se em criança a infância eu não passei?


A infância vivi, mas só no sonho...
Acordei pra catar vaca de osso,
Tomar banho e brincar de cai no poço,
Cada beijo e um rosto mais risonho...
De alegre transmudo e sou tristonho
Por saber que o passado eu retornei
Na certeza, de um sonho que sonhei,
Pois voltar pro passado não tem jeito.
E não posso ser eu um homem feito
Se em criança a infância eu não passei.




Como sei quanto vale uma saudade
Se o valor estimado é a infância?
Se na vida não tive a tolerância
De parar pra mim mesmo, com essa idade
Conheci do divino a divindade
Quando vi que da vida nada sei.
Tantas coisas que nela acumulei
Na tristeza que levo no meu peito
Por não ter sido eu um homem feito
Sem a infância feliz que eu passei.


Galdêncio Neto

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Galdêncio Neto